quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Graças ao grafite

Achei um apontador.
Abri a página.
Agora tô ...
tô dando corda pra moda,
que muito pomposa faz um cinto pra me enformosar
tô dando ouvido pro mundo,
um poço sem fundo,
sempre faminto
me come crua, nem espera cozinhar.
tô dando um passo no esboço
não sei donde parti
nem onde quero chegar.
a cada polegada de deslocamento
me movo livremente, não me basta ficar.
tô dando um tapa na cara da tristura
que adora novela mexicana,
lágrimas e descompostura final.
tô dando ponta pro lápis
que ficou mudo/cedo/surdo por tanto tempo.
e agora, tem o apontador,seu companheiro de estrada,
nessa jornada que acaba de recomeçar.
tô dando contorno ao desenho,
embelezando pra poder admirar.
traçando trilhas e mais trilhas pra tudo quanto é lugar.

domingo, 24 de outubro de 2010

Ego centrismo


Tenho a impressão
de que estamos
todos sós.
De que cada um está
consigo mesmo,
com seu umbigo,
vivendo e olhando para o
próprio espelho.
Ou, quando mais longe,
no máximo,
o umbigo do seu parceiro,
no reflexo do seu espelho.


Titãs, pra dizer adeus.

Queria saber mais dele, mas assim, talvez, o encanto se perdesse…
Hoje vi um moço que me chamou atenção. Cruzamos vários olhares, o último foi o mais desconcertante. Milésimos de segundos que se infiltraram na minha memória. Acabei o que estava fazendo, ele foi embora. Fim de história.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

sábado, 7 de agosto de 2010

Passos - Minas Gerais
26 / 07 / 2010

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Síndrome do medo

Sofro do medo de perder
as pessoas que amo,
do medo de errar
ou me acomodar.
Sofro da loucura que me cerca.
Sofro por não saber me moldar,
sofro por não poder te ajudar,
e muitas vezes por não saber me ajudar.
Sofro pela confusão
que se passa
dentro de mim.
Sofro,
porque nem o riso me conforta,
tem hora.
A tristeza fica,
às vezes demora,
peço-a piamente para que vá embora.
Sofro porque preciso,
não que seja masoquismo,
sofro pra poder crescer,
sem orgulho ou egoísmo.
Sofro pelos pecados,
por aqueles a quem magoei,
pelos deslizes dos quais fugi.
Sofro pelo que encaro de frente,
nisso penso, incessantemente.
O sofrimento soa tão sonoro,
se junta com o pensamento,
choro.
Por ora, já foi.
Passa amanhã?
Não passe mais.
Jamais.
Se vá.
Vá.
Até,outrora.



domingo, 18 de julho de 2010

Reflections of a Skyline, Sarah Kane


“E eu quero brincar de esconde-esconde, te emprestar minhas roupas, dizer que amo seus sapatos, sentar na escada enquanto você toma banho, e massagear seu pescoço. E beijar seu rosto, segurar sua mão e sair p’ra andar. Não ligar quando você comer minha comida, e te encontrar numa lanchonete p’ra falar sobre o dia. Falar sobre o seu dia e rir da sua, sua paranóia. E te dar fitas que você não ouve, ver filmes ótimos, ver filmes horríveis. E te contar sobre o programa de TV que assisti na noite anterior e não rir das suas piadas. Te querer pela manhã, mas deixar você dormir mais um pouco. Te dizer o quanto adoro seus olhos, seus lábios, seu pescoço, seus peitos, sua bunda. Sentar na escada, fumando, até seus vizinhos chegarem em casa, sentar na escada, fumando, até você chegar em casa. Me preocupar quando você está atrasado, e me surpreender quando você chega cedo. E te dar girassóis e ir à sua festa e dançar. Me arrepender quando estou errado e feliz quando você me perdoa. Olhar suas fotos e querer ter te conhecido desde sempre. Ouvir sua voz no meu ouvido, sentir sua pele na minha pele, e ficar assustada quando você se irrita. Eu digo que você está linda, e te abraçar quando você estiver aflita, e te apoiar quando você estiver magoada, te querer quando te cheiro, e te irritar quando te toco e choramingar quando estou ao seu lado. E choramingar quando não estou. Debruçar-me no seu peito, te sufocar de noite e sentir frio quando você puxa o cobertor e sentir calor quando você não puxa. Me derreter quando você sorri, me desarmar quando você ri. Mas não entender como você pode achar que estou rejeitando você quando eu não estou te rejeitando, e pensar como você pôde pensar que eu te rejeitaria. E me perguntar quem você é, mas te aceitar do mesmo jeito. E te contar sobre o “tree angel”, “o menino da floresta encantada” que voou todo o oceano porque ele te amava. Comprar presentes que você não quer e devolvê-los denovo. E te pedir em casamento, e você dizer “não” denovo mas continuar pedindo, porque embora você ache que não era de verdade mas sempre foi sério, desde a primeira vez que pedi. Ando pela cidade pensando. É vazio sem você mas eu quero o que você quiser e penso. Estou me perdendo, mas vou contar o pior de mim e tentar dar o melhor de mim porque você não merece nada menos que isso. Responder suas perguntas quando prefiro não responder, e dizer a verdade mesmo que eu não queira, e tentar ser honesto porque sei que você prefere. E achar que tudo acabou, espera só mais dez minutos antes de me tirar da sua vida. Esquecer quem eu sou e me deixar tentar chegar mais perto de você. E de alguma forma, de alguma forma, de alguma forma compartilhar um pouco do irresistível, imortal, poderoso, incondicional, envolvente, enriquecedor, agregador, atual, infinito amor que eu tenho por você.”

Sarah Kane

Dirigido por: Michael Tamman & Richard Jakes.
Atores: Christopher Dunlop e Fiona Pearce.
Gravado em um telhado em Londres.

Mas, uma objeção

Não te amo, mas você me ama.
Não te amo, mas você me alegra.
Não te amo, mas meu sorriso se esboça curto e bobo e se torna comprido e profundo em poucos segundos.
Não te amo, mas você insiste em saber como eu estou.
Não te amo, mas já chorei suas lágrimas, ri seu riso e toquei sua alma.
Não te amo, mas se um dia eu esquece-lo, do seu carinho me lembrarei.
Não te amo, mas seu tempo comigo teima em desperdiçar.
Não te amo, mas você é uma das formas mais puras de amor que eu já conheci.
Não te amo, mas sendo quem és, meu coração te sente.
Não te amo, mas algo me diz que, ser displicente não vai adiantar.
Não te amo, pois seu amor é fogo ardente, e nunca terei lenha o suficiente pra queimar.
Não te amo, mas admiro você saber pelo o que quer lutar.
Não te amo, mas obrigada, por me amar...

Khaled - El Arbi

sábado, 17 de julho de 2010

A matinê verdadeira, sábado e televisão.

Los Hermanos - Lisbela

Desejo regrado

Mesmo que chore,
mesmo que cisme,
mesmo que suplique,
mesmo que se descabele,
mesmo que rogue,
não adiantará.
Mesmo que deseje
do fundo do seu coração,
com a força de um leão,
e uma vontade que não cessa,
certas coisas não acontecerão.
No seu momento não,
não é você que escolhe,
não é você que manda.
Quem dita as regras,
tem a quarela.
Mesmo que o sofrimento te abata,
dará falta da parte de você que te resgata
em meio a tanta aflição.
Mesmo que se recupere ,
o desejo espere,
a cobiça o enlouquecerá.
Se a libido for muita,
se acalme,
tem inúmeras pra te dilacerar.
Mas,só uma,
apenas uma o satisfará,
com um feitiço que não sabes de onde vem,
mas que da fonte
não exita em tomar.

domingo, 4 de julho de 2010

Quem liga?

Quem liga?
Pra beleza que transforma,
pra amanhã entrar em forma,
pros quilos a mais de hoje,
pra perfeição que está longe
Quem liga?
Pro falar alto, falar demais,
ou mesmo silenciar.
Quem liga?
Pro roer de unhas por ansiedade,
dançar feio por vontade.
Quem liga?
Pra quem te segue no bonde
e quem te deixará no ponto
Quem liga?
Pro andar desajeitado,
o jeito abobado
e caráter o juvenil.
É isso que o capacita
como bem-educado príncipe viril?
Quem liga?
Pro embaraço,
constranger-se, errar o passo
e ver se alguém viu.
Quem liga?
Se é errado,
antiquado, ou démodé.
Se te deixa arrepiado com um simples recado,
mesmo que clichê.
Com um sorriso esgarrado
lhe pergunto encafifado:
Quem liga?

domingo, 27 de junho de 2010

7 dias


Há exatamente 7 dias descobri algo importante: Consigo ficar sem pensar você. E o pior de tudo,consigo ficar bem sem você. Não me descabelei, não me atirei da janela, não parei de comer, não deixei de dormir. Não posso dizer que não chorei, mas também não sorri.
Há exatamente 7 dias, eu acreditava saber quem era a pessoa com quem eu queria passar as 24 horas do dia ,os 365 dias do ano. Alguém com quem eu quisesse dividir alguns poucos pensamentos que guardo comigo sem compartilhar. 7 dias sem você. 7 dias.
Foi nesse meio tempo que você desapareceu. Percebi que algo se quebrou, talvez o meu amor. Se fez uma ferida, ou ela apenas se fechou. Em minha mente só me vinha um pensamento : quem ama não desaparece. Mas eu também sumi. Sumi para que você me achasse, e quando o fizesse, me dissesse como era ruim viver sem mim. Me esqueci de um detalhe: Esse filme estava em seu fim.
7 dias. Em 7 dias, no que eu acreditava, não acredito mais. O herói de armadura voltou a ser o moço franzido, será que um dia deixou de ser?
Há 7 dias eu lhe diria: “Te amo, para sempre” .E com pesar, agonia e orgulho abalado, após 7 dias não consigo mentir, você ainda ouviria essas mesmas palavras.